UM POSICIONAMENTO SOBRE O FENÔMENO DOS DESIGREJADOS


“Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. Hb 10.25

Paz e graça!

Sem dúvidas essa é uma das postagens mais longas deste blog, e calma continuarei falando sobre Jacó, mas hoje quero abrir um parêntese e expor um posicionamento acerca do fenômeno chamado DESIGREJADOS.  Você não é obrigado a concordar, mas é sempre bom apresentar de forma coesa aquilo que cremos, assim vamos lá.....

A cada período da história da igreja podemos observar vários fenômenos, os quais sempre tiveram o mesmo objetivo, tentar dividir o corpo de Cristo. Marcos Gama

Gnósticos, montanistas, donatistas dentre tantos outros fenômenos foram identificados no seio da igreja e trouxeram suas mazelas que durante décadas foram um instrumento do adversário para desconjuntar a unidade do corpo de Cristo.

Entendo e muitos vão rebater este artigo afirmando que a Igreja de Cristo não é feita de templos, que o culto cristão é espiritual, que qualquer lugar onde estiverem “dois ou três” é a igreja de Cristo. Acredito nisso também, mas quero lembrar que o ensino propedêutico do cristianismo com relação à eclesiologia, é estudado o que é Igreja mística de Cristo, ou universal e a Igreja local. Este ensino é basilar da fé cristã.

Recentemente, em uma das redes sociais, presenciei um embate bem subjetivo e faltoso de argumentos sólidos sobre o tema, confesso fui tentado a me posicionar e vi o quanto inútil foi, todavia quero neste espaço trazer meu posicionamento de forma mais estruturada e acredito que ainda que não aceitem, pelo menos terão uma visão geral do posicionamento apresentado.

No referido debate, a  postagem que servia de abertura trazia a seguinte colocação “Porque congregar é tão importante para o religioso, mesmo sabendo que Cristo é o salvador, e nunca obrigou a ninguém a congregar?”, confesso que o tema me deixou chocado pela colocação equivocada e pela falta de conhecimento bíblico e o desconhecimento do próprio termo “congregar”. No debate me posicionei apresentando alguns argumentos que hora pareciam corroborar com a discussão e pensei que iria dar uma direção a replicas e tréplicas, assim apresentei o seguinte:

1.      No Antigo Testamento de onde se originou o cristianismo, ou pelo menos onde estão as principais ramificações, o qual é à base de todo conhecimento cristão, e foi muito usado por Cristo, pelos apóstolos e pais da igreja para fundamentar várias doutrinas e comportamentos da igreja, O Senhor por vezes apresenta a necessidade de seu povo estar congregado no mesmo lugar, quer seja no tabernáculo ou templo, e a Lei determinava que todos deveriam estar juntos em adoração, ou seja, congregar. No período patriarcal era comum todos da família estarem reunidos para as celebrações de cunho espiritual dentre outras. Ou seja,  são muitas as exortações veterotestamentárias que incisivamente mostravam a obrigatoriedade do povo estar em congregação, passando pela congregação do deserto, passando pelas festividades do templo, até as sinagogas do período pós-cativeiro;

2.      Cristo logo após ser batizado inicia seu ministério, e as “multidões afluíam ao seu encontro”, por vezes, O Senhor foi ao Templo para as celebrações, ainda que o povo estivesse longe da espiritualidade. Jesus convocou doze homens que estiveram juntos com O Senhor por cerca de 3 anos. Na última Ceia eles estavam congregados, depois da ressurreição estavam congregados, juntos no mesmo lugar com medo dos judeus;

3.      O inicio da Igreja em Atos 2, mostra que aqueles que criam em Cristo estavam reunidos no mesmo lugar buscando a promessa contida no Livro de Joel, os quais estavam reunidos no cenáculo, com aproximadamente umas 120 pessoas. Que após o Pentecostes, eles iam ao Templo para orar, se reuniam em suas casas, cenáculos e as margens dos rios para congregar e cultuar. Durante a prisão de Pedro, a Igreja estava reunida na casa de um discípulo orando. No capitulo 15 de Atos os líderes da Igreja estavam reunidos para debater a questão da fé dos gentios;

4.      Paulo, apostolo de Jesus Cristo, fundou igrejas em toda Ásia menor, Grécia e outras cercanias, as quais se congregavam em casas, ou onde era possível, mas sempre estavam juntos. Paulo escreve várias cartas para Igrejas e seus pastores ou líderes;

5.      O Senhor Jesus no Apocalipse envia sete cartas a sete igrejas, mas especificamente aos seus pastores, os quais são denominados de anjos, e aos seus membros;

De forma geral estes foram os argumentos que apresentei, e como esperava fui rebatido, Sobre minha última argumentação é que quero trazer meu posicionamento sobre o fenômeno dos desigrejados, o qual passo a apresentar a partir de agora.

Acredito que a necessidade da igreja estar congregada e sob a liderança de um pastor realmente vocacionado tem fundamento teológico, bíblico histórico e devocional:

FUNDAMENTO TEOLÓGICO
Alguém pode perguntar, porquê você não inicia o argumento pela Bíblia? Pelo motivo que a meu ver é básico e pedagógico. O que temos de sistematização da Bíblia sobre determinada doutrina é encontrada em estudos bíblicos denominadas de Teologia Sistemática, e no caso em debate a doutrina é a Eclesiologia. 

Assim o primeiro fundamento é teológico devido a doutrina ser construída a partir de vários textos bíblicos, observações históricas e culturais para sua formação. Também, teologicamente há a necessidade de congregar por encontrarmos subsídios que orientam ao corpo místico de Cristo estar juntos e desenvolverem o viver cristão. Para  argumentos mais específicos, aconselho o uso de um bom livro de Teologia Sistemática.

FUNDAMENTO BÍBLICO
Já apresentei acima, citando o Antigo Testamento e no Novo, onde vemos o povo de Deus congregado em vários lugares e formas diferentes.

FUNDAMENTO HISTÓRICO
Desde Atos 2, passando pelos pais da Igreja e até aos dias atuais, a Igreja de Cristo sempre se congregou, quer seja em cavernas, catacumbas, rios, casas ou templos. Alguns vão dizer que essa ideia de igreja que temos hoje surgiu no IV século, com Constantino, mas a história mostra que já havia no segundo e terceiro séculos espaços de culto cristão, cheios de desenhos que retratavam a vivência da fé, como por exemplo as gravuras de um pastor com ovelhas, cachos de uvas, peixes desenhados nas paredes, os quais eram os símbolos do cristianismo. Ainda que a Igreja tenha se dividido em Igreja católica e ortodoxa, depois protestante, toda a cristandade sempre se congregou, viveram suas guerras e perseguições juntas. Seus líderes vocacionados ou não foram levantados do seu meio como disse Paulo aos Efésios 4.

Hoje apesar das diferenças teológicas e de poder aquisitivo, a cristandade esta reunida e tentando viver em união pelos simples fato de Cristo ter dado esta ordem e seu Santo Espírito assim promover o crescimento delas (Sl 133). É bom ressaltar que muitos fazem criticas as grandes igrejas, mas eles precisam compreender que a maioria das grandes Igrejas começaram em uma casa, apartamento, sala de hotel, ou seja, em reuniões simples e O Senhor dava crescimento como esta registrado em Atos 2. E pelo próprio desenvolvimento da obra era necessário aumentar e dar suporte para acolher os irmãos. Alguns vão dizer que nestes lugares há guerras e problemas, e digo que é verdade, mas em pequenos grupos que se reúnem em casas ou em qualquer lugar também há.

FUNDAMENTO DEVOCIONAL
A Igreja de Cristo tem a necessidade de se congregar, orar juntos, chorar juntos, trabalhar e tantas outras coisas. Quantos cristãos doentes desejariam estar em suas Igrejas, adorando com seus irmãos? E a Ceia do Senhor que coisa linda os irmãos levantando o cálice e o pão. Os batismos? Os cultos vários e poderosos? Nossas congregações locais fomentaram muitas histórias de vitórias e perdas, mas isso sempre esteve conosco.

CONCLUSÃO
Sei que nem todos os argumentos do mundo seriam capazes de convencer quem apenas quer fazer que suas vontades ou ideias se tornem verdades absolutas. Aqueles que dizem não concordar com os que vão a um templo se congregar, eles mesmos congregam em casas, praças e bancos e com o passar do tempo viram líderes dos demais e fazem o que quer, pois não há quem normatize suas ações, não tem uma responsabilidade jurídica e muito menos uma estrutura eclesiástica, coisa que desde Atos 2 a Igreja sempre teve.

Muitos dos que se dizem desigrejados, na verdade são decepcionados com lideres ou com denominações, mas isso não invalida a necessidade de congregar,  e Cristo não tem culpa dos homens serem pecadores e agirem errado. Mas isso não invalida a base teológica, bíblica, histórica e devocional pra estarmos na igreja local servindo a Cristo e aprendendo com aqueles que O Senhor levantou para fazer a obra.

Claro que você pode não concordar com o apresentado, mas deixo uma exortação Paulina sobre não vivermos contendendo por coisas obsoletas e destruindo as construções espirituais/humanas que promovem a fé cristã. Há e antes que alguém venha comentar, sei que o versículo abaixo tem outro contexto, mas Paulo usa essa exortação para dar um fim ao debate e achei construtivo também fazer.

“Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus. I Co 11.16

A ideia de fragmentar para destruir e esquerdista, marxista e demoníaca, porém nosso país foi contaminado com essa ideologia maligna e inclusive dentro da igreja do Senhor Jesus.

Na paz do Senhor Jesus Cristo;








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